Família Naked/Kfouri em Catanduva
Família Kfouri, veio do Libano, para
Matão, depois Borborema, Catanduva, onde moravam na rua 7 de setembro (acima da
rua Goiás), os tios Marcelino (Jimi), Erasmo e Gabriel, trabalhavam no comercio
em Catanduva (Erasmo) e em Penápolis (Marcelino e Gabriel), as tias Marta e
Amélia, confeccionavam flores, crochês, rendas e bordados, viviam da horta que
tinham no próprio quintal para alimentar a família (uma horta muito abundante e
saldável). Alguns anos depois mudaram para rua Municipal (esquina com a rua
Niteroi) até o fim de suas vidas.
Adélia veio com seus pais da cidade
de Zahle (Líbano), sua mãe Malake Simão Kfouri e seu pai Kalil Antônio Kfouri e
uma irmã mais velha. De Santos para Matão (SP), já tinha a família do tio Jorge cursou o primário, adorava estudar, aprendeu falar, declamar, escrever (letra
linda) correta e correntemente ao português. Foi com os pais e outros irmãos
para Borborema, onde nasceram seus 5 irmãos, pai marceneiro e todos plantavam
a terra(quintal em um pequeno comercio venda de tudo e cereais, as irmã Marta e
Amélia, faziam trabalhos manuais e alfabetizavam as crianças da vizinhança - os
irmãos homens, estudaram, comercio, farmácia auxiliar de oficial de justiça,
entregava ali passou a morar também a irmã mais velha Vitoria,casada com Abrão
Rayes (família de posses, tiveram 3 filhos e Vitoria, faleceu em São José
dos Campos, por tuberculose, vítima de maus tratos do marido, sogra e cunhados ali foram filhos crianças, adolescentes aonde permaneceram até o final da
vida.
Said Miguel Naked, veio do Líbano aos 20 anos, da cidade de Sharta (Libano),
para Santos depois São Paulo, já tinha alguns tios morando em São Paulo Capital, foi para Bico da Pedra, na região do noroeste de São Paulo em busca de
seu tio Pedro ( caminhando anoite e descansava de dia na sombra e comendo
milho, laranja, o que tivesse na beira da estrada) ali trabalhou com o tio
aprendendo fazer doces, pães, comida árabe, trabalhando de empregado com
caminhão, fazendo transporte para São Paulo e outras cidades (posteriormente
quando ia para São Paulo, enquanto carregavam o caminhão ele visita a cunhada
Vitoria, num sanatório para tuberculosos para levar frutas).
Numa de suas viagens passando por Borborema, foi tomar uma refeição na Venda do Kfouri ali conheceu e depois se casou com Adélia em 1925, moraram por um
tempo ali e depois mudaram para Novo Horizonte (onde tiveram uma padaria)
passou a fazer os doces, pães e comidas árabes para fora) ali nasceram os 4 filhos
mais velhos Salma (1925), Miguel (1927), Evelin (1930) e Nanci (1934), depois
de ser roubado pelo funcionário mudaram-se para Catanduva em 1935 e
tiveram mais 3 filhos Terezinha (1937), Samira (1941) e Yazid (1942) moravam
na Rua Ceara, depois Rua Alagoas, Rua Goiás, Rua Mato Grosso e na rua Treze de
Maio, nesse tempo ele trabalhou com doces, salgados, pães, comida árabe.
Em quanto trabalhava os filhos trabalhavam de dia e estudavam a noite. Na Rua
Mato Grosso em 1945,
Said, introduziu na lista das comidas e doces e árabes o churrasco, maior
sucesso porque ninguém conhecia esse churrasco. Kafta, michui (pedaços pequenos
de carne com pedaços intercalados com pedaços de cebola e tomate), ele comprava
bambus nas charas e roças e em casa cortava os gomos e depois na espessura dos
espetos (mais ou menos 40 cm) com facas bem afiadas, moldava e lixava os
espetos até ficarem sem fiapos e muito uniformes. O churrasco ele mesmo
selecionava as carnes de primeira qualidade e buscava um boi ou meio boi
conforme as encomendas dos clientes, ele mesmo desossava, cortava, preparava os
pedaços para moer (kafta) ou pedaços (michui). Depois de deitar tudo limpo e
organizado (mesa, materiais de corte, maquinas de moer, panos brancos de
algodão, bacias grandes de alumínio, etc.), ele mesmo temperava as carnes com
temperos que herdou de sua terra natal (fazia sozinho e o segredo dos temperos
passou para próxima geração de sua família que segue até hoje). Só após tudo
temperado é que outros dois auxiliares, tocavam a carne para espeta-las
(precaução, higiene e cuidados nunca faltaram), colocavam em várias grandes
assadeiras em lugar fresco ou geladeira até o momento de assa-los.
Na rua Mato Grosso e outros lugares, ele levava toda a carne, carvão, tijolos
(tudo o necessário para montar a churrasqueira no local) para assar no local.
No casamento (na rua Mato Grosso) da filha mais velha Salma, com Flavio
Rodrigues, ele fez no quintal o 1º churrasco, maior sucesso para familiares,
amigos e convidados.
Começaram então as encomendas para casamentos, aniversários, festas,
confraternizações e também sucesso com Kmeje (pão sírio), e das outras comidas
salgadas, assados.
· Os doces:
Mamul (um bolinho de semolina, recheado com nozes);
· Restilaus (bolo de semolina, com
amêndoas e melado com malva feita em casa);
· Knefe (massa bem fina, como um fio
de linha, assada em chapa quente. Após esfriar era recheada com nozes moídas,
enrolados, colocados em assadeiras, assados em forno de lenha e após retirado,
eram regados com melado);
· Belwa (massa folhada, preparada bem
fina como um papel de seda, recheado com nozes moídas em camadas, assados e
depois regados com melado);
· Melado (agua, açúcar, limão e
malva);
Em todas as receitas usavam manteiga
derretida, purificada no fogão a lenha, após ser buscada em fazendas.
Os doces eram feitos para reuniões
famílias e sob encomenda para os clientes. Alguns doces mais simples eram
feitos só para familiares.
Os Salgados:
· Kibe cru;
· Kibe frito;
· Kibe assado;
· Kibe recheados com carne moída,
cebola, amêndoas e uvas passas;
· Esfiras de carne ou qualhada pura;
· Fetaher (esfira fechada recheada
com carne moída ou verduras e cebola);
· Carneiros e/ou cabritos recheados
(com a arroz, castanhas e cheiro verde)
· Charutos de olha de uva e de
repolho;
· Abobrinhas e Berinjelas recheados
(cozidos em panelas no fogão);
Tudo sempre com muito cheiro verde,
hortelã e limão
Todos os comestíveis eram muito
apreciados pelos clientes que eram árabes, outras nacionalidades e brasileiros
de Catanduva, Rio Preto, Santa Delia, Urupês, São Paulo, São Carlos, Pindorama
e outras cidades do interior, fazendeiros etc.
Enfim ele foi o precursor das comidas
árabes e do churrasco citado, ele desenhou e com funileiros fez também espetos
de alumínio, ele modernizou a churrasqueiras em ferro (fazendo com mais ou
menos 1,20cm por 1,50cm de comprimento, de 25cm a 28cm de largura, 70cm de
altura), com suportes de ferro e com uma chapa de 30cm perfurada na base para
cinzas do carvão caírem sem ter contato com o chão e os alimentos, após o cartão
ser transformado em brasa. Posteriormente, foi copiados (replicado) por
outras pessoas que continuaram o trabalho.
Os salgados e doces, eram requintes nas mesas dos cidadãos árabes, catanduvenses e de outras cidades vizinhas
Nos aniversários, natais, ano novo,
pascoas, comemorações em geral, solenidades, festas juninas, Tênis Club de
Catanduva, fazendas e confraternizações familiares.
Sua fama alcançou Campinas e São
Paulo, em famílias, restaurantes e comerciantes das regiões da Rua oriente, 25
de março, etc. (porque lá Said, comprava e adquiria a semolina, farinha
especial, nozes, amêndoas, avelas, tudo em cascas, uvas passas. Então tornou-se
conhecido e começaram também a comercializar). As nozes e amêndoas eram
preparadas com antecedência, Said, quebrada em mesas grandes com uma
concavidade na ponta e os filhos, avos e tios, descascavam, então tudo era
colocado em grandes peneiras, peneiradas, para os descartes das cascas, porque
não passava nenhuma estragada ou rançosas, depois eram moídas, misturadas com
açúcar, assim também como o melado pré-preparado, manteiga derretida e
colocadas em vasilhas em prateleiras com telas, bem refrigeradas até sem usadas
nas suas receitas (tudo era preparado na véspera de serem utilizadas, nas
massas).
Matérias vindo de fazendas e sítios
eram transportados em charretes, carroças e posteriormente em
caminhonetes (ESSA CAMINHONETE PERTENCIA A UM BERTONI QUE TRANSPORTAVA E
LEVAVA AS VERDURAS, LEGUMES, TRIGO PARA QUIBE, CARNES E FEIRA A BEIRA DE SÃO
JOSÉ DOS CAMPOS)
Said, trabalhou na profissão até a
mudança da família de Catanduva para cidade de São Carlos e depois São Paulo e
Campinas, para viver mais próximo dos filhos e teve uma vida tranquila até o
dia seu descanso e sepultado na cidade de Campinas.
Foto 1 - Família reunida nas bodas de 50 anos do casal
Said Miguel Naked e Adélia Kfouri; foto 2 - Família Naked em Catanduva em 1944,
casal Said Miguel Naked e Adélia Kfouri Naked e os filhos: Salma, Miguel, Evelin,
Lione, Nanci, Terezinha, Samira e Yazid;
foto 3 - Famílias Kfouri & Naked & Paulati
Rodrigues & Castro Sá & Thanos & Zaratin, em almoço na Rua 13 de Maio
em Catanduva;
foto 4 - Família Kfouri em Matão em 1923, mudaram para
Catanduva em 1940 onde residiram até o fim da vida;
Foto 5 - 1925 - Casamento em Borborema de Said Miguel Naked com Adélia Kfouri;
Foto 6 - Certidão de casamento