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Artigos - 12/01/2012

Carnaval - Milton Dall'Áglio - Folião nº 1

Pesquisa de Nelson Bassanetti


O Nosso folião-mor Mílton Dall’Aglio, foi bancário e promotor de eventos (Sertãozinho-Sp, 10/03/1926 – Catanduva-Sp, 25/08/1993), funcionário do Banco Comercial de 1944 até a sua aposentadoria; foi diretor do Clube dos Bancários, do Clube de Tênis, onde em 07/11/1964, fez o “Baile da Gravata Preta”, com a participação das orquestras de Osmar Milani e de André Penazzi, diretor social do Aero Clube, onde fez o “Baile da Asa” em 11/04/69 e organizador de festas comemorativas do Dia dos Bombeiros e homenageando a Sociedade Esportiva Palmeiras, da qual era entusiasmado torcedor, uniformizando-se de verde nos dias de jogos,    trouxe-a  em 1972, para jogar em Catanduva.  


09 vezes Rei Momo do Carnaval Feiticeiro


Em razão do seu relacionamento e da sua alegria, foi escolhido por nove vezes nosso  Rei Momo, nos seguintes anos, fazendo par com as seguintes Rainhas: 1953 – Odete Lopes Costa, 1955 – Heloísa do Carmo Lima, 1956 – Odete Cavalieri, 1960 – Maria Inês Patriani, 1961 – Marisia Cione Arieta, 1962 – Maria da Glória do Espírito Santo Ribeiro, 1963 – Leonice  Lerro Ribeiro, 1975 – Marta Magatti, 1976 – Sônia Montanha.


Carnaval muda, mas não morre


Após a instalação oficial do município em 1918 é que teve início o “cultivo” do Carnaval pela gente feiticeira. O Carnaval teve  várias fases evoluindo à medida que os anos iam passando. Tivemos a fase dos chamados “pé de bode”, onde havia uma espontaneidade fascinante. Os Fordinhos com suas capotas abaixadas e apinhadas de gente todos fazendo guerra, onde confetes e serpentinas  eram as armas nas batalhas travadas durante o corso. Era tanto a munição que às vezes era necessário parar os folguedos para se limpar a rua. Em 1934 chegaram os carros alegóricos com a chegada e recepção ao Rei Momo. Havia irrigação das ruas para se evitar a poeira e eram proibidos o jogo de paina e de pó de café. A Prefeitura reforçava a iluminação e instalava coretos onde às Bandas, abrilhantando os folguedos, executavam músicas  desde à tardinha, para onde acorria verdadeiro formigueiro humano. Nos anos 30 os bailes eram no Catanduva Clube (atual estacionamento Banco Itaú), Clube Sete de Setembro (Rua Brasil, esquina com Paraíba), Centro Espanhol, Sociedade Ítalo-Brasileira, Sociedade Luiz Gama e Clube Harmonia. Relatamos o seguinte chamado para o Carnaval de 1932: Vamos participar do Reinado do deus Momo, homenageando a alegria, a folia, que exige o sacrifício de algum dinheiro, só não participando quem não o tiver e nem tiver crédito. Esse negócio de não se divertir, porque o “arame” anda curto é bobagem. Este mundo já passa de um conto do vigário, então tratemos de comprar serpentinas, confete e lança-perfume (as marcas eram Rodo e Rigoleto), nas Casas Nogueira, Duarte, Calixto, Soubhia, etc. e entremos na fuzarca.


Período da Segunda Guerra


O de 1943 não esteve a contento: .... O Carnaval passou, passou por aí como um vendaval, furioso, querendo arrastar em sua passagem tudo o que encontrou. Passou por aí desenxabido, desajeitado e desapareceu este ano. Ele não conseguiu como das outras vezes, convencer, contagiar, subjugar. Veio sorrateiro, titubeante e se alojou tímida e esparsamente por aí. Até parece que ele quis respeitar a dor, a melancolia e a tristeza que iam por esse mundo afora. Parece que o Momo, naquela sua imensa e ridícula figura, sentiu um pouco do muito que os povos sofrem nestes dias angustiosos, e não sorriu, e, se sorriu, o seu sorriso não foi amplo, total e completo, como sempre tem sido. Havia no fundo daquela carcaça brutal e dantesca algo de diferente, de misterioso e incompreensível. Havia um misto de riso e dor, naquelas bochechas escancaradas.

Em 1944, o Carnaval foi, como se dizia, “Xavier”, incalculável multidão para ver ...nada ... .

Grandes Carnavais


Vieram depois  os cordões e os ranchos com seus batuques e suas cabrochas. Em 1946  os blocos infestavam  as ruas sendo a Banda do Dionísio ou dos Espanhóis um caso a parte pela alegria e descontração. No final dos anos 40 e início dos anos 50 tivemos esplendorosos carnavais,  com criativos carros alegóricos  confeccionados por Magino Gomide, bem iluminados e com música contagiante.  No fim dos anos 50 surgiram as Escolas de Samba, onde o povo permanecia firme nas ruas durante muitas horas, aplaudindo e vibrando com seu ritmo quente e evoluções belíssimas, suas cabrochas, passistas, porta-estandartes, mestres-salas, alegorias, enredos, etc.


Carnaval de 1961


Como costumeiramente acontecia, o Rei Momo e sua corte chegavam de trem especial e era recepcionado com grande festa na Estação da Estrada de Ferro.  Nesse ano, lá estavam o Prefeito Municipal Antonio Stocco (o mais solto dos prefeitos, usava roupa branca e quepe de marinheiro),  o vice Iran Silva e o Presidente da Câmara Constante Frederico Ceneviva. Recebeu boas vindas daquelas autoridades e o Senhor Prefeito lhe entregou a chave simbólica da cidade e este, no comando, leu seu primeiro decreto instituindo o pandemônio da folia durante o seu reinado de quatro dias. Daí iniciou-se o desfile em jipe com  participação de duas bandas e grande massa popular e foram com destino  à Praça da República onde na pérgula se coroou o Rei Milton Dall’Aglio e a Rainha Marísia Cione. Nesse ano se calculou em 40.000  o número de pessoas que lotaram a Rua Brasil desde a Igreja Matriz até o Parque das Américas  que estava feéricamente iluminada e decorada pelo nosso artista Magino Gomide notando-se um ambiente contagiante com músicas nos alto-falantes, nos conjuntos postados no palanque ou trafegando nos veículos. 

O Baile do Clube de Tênis, que era presidido pelo Senhor Gentil de Ângelo, teve a animação da orquestra de  Orlando Ferri de São Paulo, havendo bailes também no Clube dos Bancários, na Sociedade Nipo-Brasileira, no Sexto Quarteirão de Amigos, na quadra do Cruzeiro Cestobol Clube, no Centro Espanhol, usado pela Escola de Samba Coração de Bronze e numa máquina de café na Rua sete de setembro usada pela Escola de Samba 13 de maio.


Catanduva reviveu assim os anos gloriosos de seu carnaval, denominado o “melhor Carnaval do interior do Brasil”.



Pesquisa jornal “A Cidade” – Museu Padre Albino.

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